quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

E o diabo?


                        E o diabo, por onde anda?

            Precisamos encontrar o diabo. Urge uma conferência, para um armistício. Sem diálogo vai ser difícil.
            O mundo caminha na contra-mão, num estouro de insensatos. Os tijolos, cozidos no fogo da esperança, que formam o alicerce dos seres diferentes que somos, feito de honra e decência, desmancham-se a cada dia, fragilizando-nos, tornando-nos meros animais nascidos unicamente para a perpetuação da espécie.
            Valiosas são, ainda, as crianças. Porque puras, ainda intocadas, ainda não infectadas. Depois que perdem a inocência, caem no turbilhão maluco dos interesses materiais, dos sonhos vãos sonhados no sem-compromisso.
            Infelizes somos, e seremos, mais e mais, por não darmos valor às coisas da alma. Exclusividade nossa. Patrimônio incomparável.
            Carinho, cuidado e compreensão, valores de todos os seres vivos, estão a se perder, lentamente, no tempo que se escoa no infinito escuro.
            Sem estas qualidades, inerentes às mães, nenhum filho sobreviveria. Não só aos pequenos são importantes, mas também muito fundamentais para o crescimento moral de toda mulher e de todo homem.
            Desculpo-me. Não, não invoquemos o demônio. Guimarães Rosa foi taxativo: “o Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Coxo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim, o Mafarro, o Pé-Preto, o Canho, o Duba-Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-sei-que-diga, O-que-nunca-se-ri, o Sem-Gracejos... Pois, não existe! E se não existe, como é que se pode se contratar pacto com ele?”
            Por isto desisto de invocá-lo. Mas Guimarães Rosa também disse:  "Viver é muito perigoso!"
            Aproveito e pergunto: de onde vem esse perigo?
            A alma é um espírito que se agarra ao corpo do homem e só larga com a morte.
            O mal dos homens, eu acho, é que eles estão querendo livrar-se da alma antes da hora.
           

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