sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

                A mulher, não! 

            Para um homem, a mulher começa como uma graça, jovem é um mito, adulta, a coisa mais importante. Sempre foi assim, para todos os homens do meu tempo.
            A visão inesperada da barriga da perna de uma mulher já foi um evento extraordinário, porque inusual, proibido porque pecaminoso, para quem mostrasse e para quem visse.
            Com o passar do tempo, a mulher foi-se despindo, até andar publicamente semi-nua. Mas não despudorada, porque moda impingida, súdita dos novos tempos.
            Hoje, vindo da caminhada da meia tarde, uma mulher, agachada, urinava ao lado de um carro, rindo à solta com a amiga que procurava servir-lhe de proteção.
            Que momento, triste, decadente, desolador! Aquela que um dia foi uma graça, um mito, urinando no pneu de um carro tal e qual uma cadela sem teto nem dono encharcando um poste!
            Os hábitos que transformaram essa mulher em objeto de pena, foram, certamente, os mesmos que lhe tiraram a graça e a meiguice. O quê lhe sobrou?
            Foi um aviso: sinal dos tempos negros de que nos aproximamos muito rapidamente. O homem já se abaixara e se rebaixara há muito, tornando-se um “bicho moderno”: violento, despudorado, desclassificado. Desalmado.
            A mulher chegou ao ponto de embriagar-se tanto quanto o homem, aviltar-se tanto quanto o homem, a tornar-se tão besta quanto o homem. Nada disso era preciso. Então a beleza não merece mais reverência? A mulher pretende desqualificar-se como companheira e mãe, porque quer ser homem na totalidade da igualdade?
            Por favor, não! Se a mulher perder a graça, o que restará?

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