quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Metamorfose louca.


 Metamorfose louca.


Passando os olhos por um vidro de detergente pareceu-me que se mexia.
Dei asas à imaginação e vi a embalagem rebolando, contorcendo-se, aumentando de tamanho, diminuindo, crescendo assustadoramente, como se tivesse vida, ou quase isto.
E surgiu a pergunta cretina: se as coisas prontas, definidas, exceto os seres vivos, tivessem a capacidade de transmutar-se em tamanhos e formas diferentes daquelas que conhecemos? As composições físico-químicas metamorfosear-se-iam, aleatoriamente, alterando os volumes de tudo que conhecemos, que tal?
Um avião em pleno vôo, por exemplo: imenso, milhares de toneladas, duas centenas de passageiros, de repente, sem aviso, diminuísse, no comprimento, seu corpo pela metade? O que aconteceria aos passageiros? E se ocorresse o contrário? Se dobrasse de tamanho, passando de 60, 70 metros, para 150 metros, da cabine à cauda?
Caso as coisas imaginadas tivessem esta possibilidade, não tendo consciência, tutor ou controlador, transmutar-se-iam inesperadamente, sem aviso nem apito.
A vida, como a conhecemos, não seria possível, pois viveríamos num caos absoluto entre objetos “malucos e inquietos”.
A carga de um caminhão, ou navio, ou trem, se se expandisse, ou se se diminuísse, desavisadamente?
Idéia tão louca que não justifica continuar conjecturando, visto que não seríamos, na certa, os senhores do planeta Terra.
Então vamos agradecer, elogiar, valorizar a composição físico-química das coisas, característica que mantém tudo como se forma, tornando-nos manipuladores, controladores e transformadores de tudo, os senhores do pedaço.
Ainda bem. Já nos basta vivermos em meio aos homens, que são, descontroladamente, físicos, químicos, debilóides e caóticos, não é verdade?

27 dez 2012.

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