Metamorfose louca.
Passando os olhos por um
vidro de detergente pareceu-me que se mexia.
Dei asas à imaginação e vi a
embalagem rebolando, contorcendo-se, aumentando de tamanho, diminuindo,
crescendo assustadoramente, como se tivesse vida, ou quase isto.
E surgiu a pergunta cretina:
se as coisas prontas, definidas, exceto os seres vivos, tivessem a capacidade
de transmutar-se em tamanhos e formas diferentes daquelas que conhecemos? As
composições físico-químicas metamorfosear-se-iam, aleatoriamente, alterando os
volumes de tudo que conhecemos, que tal?
Um avião em pleno vôo, por
exemplo: imenso, milhares de toneladas, duas centenas de passageiros, de
repente, sem aviso, diminuísse, no comprimento, seu corpo pela metade? O que
aconteceria aos passageiros? E se ocorresse o contrário? Se dobrasse de
tamanho, passando de 60, 70 metros, para 150 metros, da cabine à cauda?
Caso as coisas imaginadas
tivessem esta possibilidade, não tendo consciência, tutor ou controlador,
transmutar-se-iam inesperadamente, sem aviso nem apito.
A vida, como a conhecemos, não seria possível, pois viveríamos num caos absoluto entre objetos “malucos e inquietos”.
A carga de um caminhão, ou
navio, ou trem, se se expandisse, ou se se diminuísse, desavisadamente?
Idéia tão louca que não
justifica continuar conjecturando, visto que não seríamos, na certa, os
senhores do planeta Terra.
Então vamos agradecer,
elogiar, valorizar a composição físico-química das coisas, característica que
mantém tudo como se forma, tornando-nos manipuladores, controladores e
transformadores de tudo, os senhores do pedaço.
Ainda bem. Já nos basta
vivermos em meio aos homens, que são, descontroladamente, físicos, químicos,
debilóides e caóticos, não é verdade?
27 dez 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário