Puxando o fio da meada.
“Efeito borboleta” é uma teoria que se resume no seguinte: “o bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em N. York”. Simplificando, um pequeno ato aqui poderá, eventualmente, provocar evento significativo acolá.
É uma lei que faz parte da “Teoria do caos”. “A idéia principal é que uma pequena e, à primeira vista, insignificante mudança no início de um evento, pode trazer grandes e imprevisíveis mudanças no futuro”.
No folclore brasileiro a brincadeira “a velha a fiar” pretende explicar, mais ou menos, a mesma coisa. Inicia-se com uma mosca incomodando uma velha que está a fiar. Em seguida, a mosca, por sua vez, vem a ser incomodada por uma aranha. E, depois de inúmeras idas e vindas, com a intromissão de várias figuras predadoras, a brincadeira termina assim:
“Estava a mulher em seu lugar;
Veio a morte lhe fazer mal;
A morte na mulher, a mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar”.
Veio a morte lhe fazer mal;
A morte na mulher, a mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar”.
Quando venho a tomar conhecimento de que uma colisão numa estrada torna-se fatal para qualquer dos envolvidos, pergunto-me: de quem terá sido a culpa por esta tragédia?
Se do trágico evento ficar provada a deficiência do sistema viário (falta ou precariedade de sinalização, ou piso irregular), se voltarmos no tempo, como se seguíssemos todos os passos até chegar à borboleta, ou à velha fiando, seguramente que chegaríamos ao verdadeiro responsável por aquela morte.
Sigamos os passos:
O Governador indica o Secretário de Obras (que não é um especialista em estradas);
O Secretário de Obras, por não ser um especialista em estradas, monta uma equipe em que nem todos são especialistas;
O subordinado direto do Secretário, responsável pela manutenção das estradas, por alguma razão, ou razões várias, não mantém o leito da estrada em condições de boa trafegabilidade, porque nunca manteve estrada alguma (provavelmente seja um empresário do ramo de embutidos);
O subordinado direto do subordinado direto do Secretário, por alguma razão, ou razões várias, não mantém as estradas com sinalização perfeita para uma perfeita dirigibilidade.
No local do confronto entre os veículos que vieram a provocar a morte do cidadão, o leito da estrada não estava em condições de trafegabilidade, nem de boa visualização, por falta, ou deficiência da sinalização.
Conclusão: temos que, pelo “efeito borboleta”, o responsável pela morte do cidadão, provocada pela má condição da estrada e por sua má sinalização, é o Governador “borboleta.”
26 dez 2012.
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