sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A solidão e o ovo. O homem, tendo vivido em cubos, cubículos, quadrados, quando todos do seu universo se vão, por desprezo ou pelo distanciamento, ou pela morte, se parece com um ovo. Nu, sem recursos, está sujeito a qualquer evento. A criança nascida, que diferença tem de um ovo? É logo afagada; o ovo é largado no chão. O que falta para o solitário? Alguém na cadeira. O que tem de sobra, o solitário? Excesso de si no seu pouco-mundo. O que mais teme, o solitário? A multidão. O que espera o solitário? Batidas na porta. A quem importa o solitário? Não conta, não importa. O quê faz o solitário? Coisas, sem registros, nem lembranças. Como o peixe que nunca será notado porque não pescado, a solidão encobre o homem nas trevas do esquecimento. Morte, solidão eterna. Assim que se encerram os cantos, todos os cantores se vão. 17 JAN 13

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