terça-feira, 4 de setembro de 2012


Minhoca.

Quando olho uma coisa não vejo todas as suas partes.
A minhoca. Eu vejo um corpo roliço, comprido, contorcionista.
Não vejo o esôfago, o cordão nervoso, a moela, o intestino, a boca, 
os gânglios cerebrais, a faringe, os arcos aórticos, o papo, o clitélio ...
Muito menos vejo o vaso dorsal, a epiderme, o músculo circular, o 
músculo longitudinal, a celoma, o intestino, as sedas, o cordão 
nervoso, o vaso ventral, o metanefrídio ...
Nem vejo o sistema circulatório do sangue, vermelho, que funciona 
pelo coração e pelos vasos.
Quando vejo uma minhoca não percebo a sua complexidade, 
nem imagino todos os seus órgãos funcionando coordenadamente para 
que se locomova, em arrastos sem sentido.
Uma minhoca é, ao mesmo tempo, um bichinho nojento e uma máquina 
extraordinária.
Quando olho uma minhoca eu só vejo uma minhoca.

RLS

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